5 Questões sobre Barroco com Gabarito - IV
1. (UFRS) Considere as afirmações abaixo:
I. Barroco literário, no Brasil, correspondeu a um período em que o incremento da atividade mineradora proporcionou o desenvolvimento urbano e o surgimento de uma incipiente classe média formada por funcionários, comerciantes e profissionais liberais.Quais estão corretas?
A) Apenas IB) Apenas II
C) Apenas III
D) Apenas II e III
E) I, II e III
2. (UFRS)
"Três dúzias de casebres remendados,
Seis becos, de mentrastos entupidos,
Quinze soldados, rotos e despidos,
Doze porcos na praça bem criados.
Dois conventos, seis frades, três letrados,
Um juiz, com bigodes, sem ouvidos,
Três presos de piolhos carcomidos,
Por comer dois meirinhos esfaimados."
Sobre esses versos de Gregório de Matos Guerra são feitas as seguintes afirmações:
I. poema retrata criticamente a sociedade brasileira do século XVII, permitindo identificar um dos ramos da poesia desse poeta.Quais estão corretas?
A) Apenas IB) Apenas II
C) Apenas III
D) Apenas I e II
E) Apenas I e III
3. (UFRS) Assinale a alternativa incorreta sobre o Sermão da sexagésima.
Pregado em 1655, na capela real de Lisboa, é chamado "A palavra de Deus" e trata da arte de pregar. Condenando o exibicionismo daqueles que praticavam uma sermonística ornamental, interessados no aplauso da corte, Vieira ironizava: "Ah Pregadores! os de cá, achar-vos-eis com mais Paço; os de lá, com mais passos..."
A) Na citação contida na alternativa anterior, nota-se o uso das figuras: apóstrofe, antítese, zeugma, trocadilho e ironia. Essa concentração de figuras, típica do Barroco, é exemplo de uma contradição desse sermão, uma vez que condena o ornamentalismo cultista e, mesmo assim, o pratica.B) A contradição apontada na alternativa b explica-se pelo fato de o ataque de Vieira voltar-se não propriamente contra os elementos formais do estilo, mas contra a manipulação desses elementos para realizar propósitos alheios ao verdadeiro zelo apostólico. Essa crítica tinha como alvo os padres dominicanos, rivais dos jesuítas, e, especialmente o Frei Domingos de S. Tomás, famoso pela oratória gongórica, que Vieira condenava.
C) conceito predicável desse sermão é dado na frase latina: "Semem est verbum Dei" (a palavra de Deus é semente), S. Lucas, VIII, 11. A partir dela, Vieira articula seu discurso, analisando cada elemento em suas variadas e surpreendentes possibilidades de sentido, valendo-se da lógica mais rigorosa, exemplificada com passagens bíblicas e de autoridades eclesiais, mas, nesse caso específico, deixando de lado sua poderosa imaginação, as analogias e as metáforas que o celebrizaram como orador sacro.
D) Esse sermão é exemplo de estilo conceptista, de que o padre Vieira foi o mais bem realizado autor, na prosa portuguesa seiscentista.
4. (UFRS) Assinale a alternativa incorreta sobre o Sermão de Santo Antônio aos peixes.
A) Sermão alegórico pregado na cidade de São Luís do Maranhão, no ano de 1654. Seu ponto de partida está na citação do Evangelho de Mateus, na passagem que diz "Vos estis sal terra' (Vós sois o sal da terra), a propósito dos pregadores.B) Dizendo que a função do sermão é análoga à do sal, isto é, evitar a corrupção, Vieira assim identifica as duas possíveis causas de existência de tanta corrupção na terra: "ou porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar".
C) Explicitando as metáforas contidas na citação da alternativa anterior, Vieira levanta as seguintes hipóteses sobre a corrupção que se verifica na terra: "ou o sal salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber".
D) Vieira recrimina que os peixes devorem-se mutuamente, mas assinala que entre os homens dá-se o mesmo, piorado: "...vedes aquele subir e descer as calçadas, vedes aquele entrar e sair, sem quietação, nem sossego? Pois tudo aquilo é andarem buscando os homens como hão de comer, e como se hão de comer".
E) Dirigindo-se aos peixes do mar, Vieira, na verdade, fala aos homens, mostrando-lhes os próprios vícios. Vieira louva nos peixes sua afeição natural pelos humanos, dizendo que o preço desse convívio é a perda da liberdade.
5. (UFRS) Leia o texto e assinale a alternativa incorreta a seu propósito.
"A morte tem duas portas. Uma porta de vidro, por onde se sai da vida; outra porta de diamante, por onde se entra à eternidade. Entre estas duas portas se acha subitamente um homem no instante da morte, sem poder tornar atrás, nem parar, nem fugir, nem dilatar, senão entrar para onde não sabe, e para sempre. Oh que transe tão apertado! oh que passo tão estreito! oh que momento tão terrível! Aristóteles disse que entre todas as coisas terríveis, a mais terrível é a morte. Disse bem; mas não entendeu o que disse. Não é terrível a morte pela vida que acaba, senão pela eternidade que começa. Não é terrível a porta por onde se sai; a terrível é a porta por onde se entra. Se olhais para cima: uma escada que chega ao céu; se olhais para baixo: um precipício que vai parar no inferno. E isto incerto".
A) Passagem famosa do Sermão da Quarta Feira de Cinza, celebrado em Roma, em 1670. O tema canônico desse sermão encontra-se no livro bíblico do Gênese, 3, 13, nas palavras de Deus a Adão: "Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris" ("Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó voltarás"), que constitui seu conceito predicável.B) As metáforas das portas estabelecem uma relação antitética: a imagem do vidro desperta a noção de efemeridade das coisas da vida, que regressa ao pó de onde veio, uma vez que o vidro é feito de areia; a imagem do diamante se associa a noção de perenidade, significando o início da vida eterna.
C) A doutrina expressa por Vieira nessa passagem, por ser fundamentada em Aristóteles, contrariava a visão canônica da igreja católica contra-reformista, especialmente por dizer que a existência do inferno era incerta.
D) Nota-se bem a influência da doutrina contra-reformista, na visão ameaçadora e terrível que o texto apresenta a propósito da vida eterna. A autoridade da filosofia grega é invocada, embora declarando sua inferioridade perante o pensamento cristão.
E) A imaginação serve de apoio à demonstração de idéias, dispostas racionalmente e valorizadas por um estilo que sabe valer-se das figuras de construção, como a anáfora, de pensamento, como a antítese, e tropos, como a metáfora, para, com eloqüência, melhor persuadir. Essas marcas permitem enquadrar o fragmento acima no estilo conceptista Barroco.
- d
- a
- d
- e
- c
Postar um comentário