Leia, a seguir, um editorial do jornal Gazeta do Povo.
As quatro prioridades
O país está atrasado no enfrentamento dos quatro maiores dramas sociais nacionais: a pobreza, a precariedade da saúde, o baixo nível da educação e a violência urbana
Neste ano, o Brasil elegerá o presidente da República para o mandato 2019-2022. Como é próprio das campanhas eleitorais, promessas serão feitas pelos candidatos, em geral orientados por assessores de marketing para prometerem aquilo que dá votos. Depois de eleito, o vencedor será confrontado com o que prometeu, o que não é problema, pois as promessas são feitas para ganhar eleição, não para serem cumpridas.
Nos países pobres, a lista de carências é grande e torna difícil a escolha de prioridades. As campanhas têm revelado que não há discordância quanto ao diagnóstico dos problemas nacionais a serem enfrentados; as diferenças estão mais no campo de “como solucionar” do que na lista de “o que solucionar”.
Já rumando para o fim da segunda década do século 21, o país está atrasado no enfrentamento dos quatro maiores dramas sociais nacionais: a pobreza, a precariedade da saúde, o baixo nível da educação e a violência urbana, cuja solução passa necessariamente pela metassíntese: o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Iniciando 2018 com 208,5 milhões de habitantes, a população deve crescer 0,72% neste ano, ou seja, 1,5 milhão de pessoas, e o ideal é que o PIB aumente a uma taxa suficiente para cobrir o aumento populacional, recuperar a queda dos anos de recessão e mais um tanto, como meio de elevar a renda por habitante, reduzir o desemprego e diminuir o número de pobres.
O crescimento ideal do PIB para cumprir esses objetivos fica entre 4% e 5% ao ano de forma sustentada (crescimento por anos sucessivos, sem retrocesso), o que permitiria recuperar a arrecadação tributária para combater os déficits públicos e fazer caixa para cobrir os programas de governo, especialmente nas quatro áreas prioritárias. Os economistas clássicos costumavam afirmar que a meta mais importante é o crescimento do PIB, pois a ele estariam associadas as melhorias sociais. Ou seja, com mais produto nacional, os ganhos sociais derivados de menos desemprego, menos pobreza, menos violência e mais recursos para a educação e saúde púbicas ocorreriam automaticamente.
A crise de segurança pública é gravíssima e difícil de resolver. As 60 mil pessoas assassinadas anualmente no Brasil configuram uma tragédia mais grave que a situação de muitos países em conflitos e guerras internas. Embora não haja solução fácil para esse flagelo, dadas suas proporções dramáticas, a saída depende de melhorias em várias áreas, como pobreza, emprego, investimento em policiamento, estratégias de operação, equipamentos, combate ao tráfico, melhoria na educação, melhor funcionamento do aparato judicial, além de evolução nas práticas de investigação, apuração, julgamento e aplicação de penas. As taxas de crimes com mortes que são apuradas e cujos autores são efetivamente presos são muito baixas e representam grande impunidade.
A violência urbana no Brasil, além de ser flagelo social grave, é um problema econômico que contribui com o desemprego e a baixa renda por habitante, como mostra o baixo desempenho no setor de turismo. Na comparação internacional, é irrisório o número de turistas estrangeiros que vêm para o Brasil, privando o país de desenvolver e fortalecer esse setor da economia, apesar de ser um país continental com vastas belezas naturais.
A solução da violência não é condição suficiente, mas é necessária para o desenvolvimento do setor de turismo e o quanto ele gera de produto, renda, emprego e impostos, para ficar em apenas um exemplo.
Da mesma forma, o mero crescimento do PIB não é suficiente para resolver os graves problemas da pobreza, saúde, educação e violência urbana, mas é condição sem a qual as melhorias não ocorrerão. Vale ressalvar que, se o país continuar com maus governantes – prefeitos, governadores e presidente –, sem reduzir o inchaço da máquina estatal, melhorar a eficiência e diminuir a corrupção, mesmo que o PIB cresça, as quatro prioridades não terão melhorias expressivas e, infelizmente, o Brasil continuará pobre e atrasado, mesmo sendo premiado com vasto território e recursos naturais abundantes.
AS QUATRO prioridades. Gazeta do Povo, 15 jan. 2018. Disponível em: <https://bit.ly/2OPjp51>. Acesso em: 1-º maio 2018.
Você acabou de ler um editorial veiculado pelo jornal Gazeta do Povo, importante jornal do estado do Paraná, região Sul do país.
O editorial é um gênero textual argumentativo, geralmente publicado em jornais ou revistas, que podem ser impressos ou eletrônicos, em que se apresenta a opinião da instituição sobre algum assunto que esteja no centro dos debates sociais. Hoje em dia, com o avanço da internet, podemos encontrar, também, esse tipo de texto em blogs e nas redes sociais.
1. Qual é o tema abordado no editorial lido?
O editorial lido menciona o atraso do Brasil com relação aos quatro maiores dramas sociais nacionais: a pobreza, a precariedade da saúde, o baixo nível da educação e a violência urbana.
2. Qual é o ponto de vista do jornal com relação ao tema contemplado no editorial “As quatro prioridades”?
Conforme o posicionamento apresentado no texto, o jornal considera que a solução para os problemas apresentados está ligada ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) “para cobrir o aumento populacional, recuperar a queda dos anos de recessão e mais um tanto, como meio de elevar a renda por habitante, reduzir o desemprego e diminuir o número de pobres.” Além disso, principalmente, é preciso repensar a questão dos governantes do país, pois “sem reduzir o inchaço da máquina estatal, melhorar a eficiência e diminuir a corrupção, mesmo que o PIB cresça”, não haverá solução para os problemas apresentados.
3. Assim como o artigo de opinião, o editorial é constituído de três partes básicas: introdução, desenvolvimento e conclusão. No primeiro parágrafo, ao comentar a eleição presidencial de 2018, há uma constatação a respeito das promessas políticas feitas em momentos como esse. A que conclusão se chega diante desse contexto? Comente.
Chega-se à conclusão de que, depois de eleito, o vencedor será confrontado com o que prometeu, mas, infelizmente, isso não é problema, pois em campanhas políticas, as promessas são feitas para ganhar eleição, não para serem cumpridas.
4. Somente no segundo parágrafo é que se firma a tese defendida nesse editorial: o país está atrasado para o enfrentamento dos maiores dramas sociais.
Que tipo de argumento é utilizado para fundamentar essa afirmação?
Para falar sobre a necessidade do aumento do PIB e fundamentar esse ponto de vista, são usados os dados estatísticos.
5. Quais parágrafos correspondem, diretamente, ao desenvolvimento do editorial (em que o escritor apresenta sua principal ferramenta – a argumentação)?
O desenvolvimento está nos parágrafos 3, 4 e 5.
6. Que argumentos são apresentados ao longo desses parágrafos? Aponte-os.
No terceiro parágrafo, associa-se o crescimento do PIB às melhorias sociais; no quarto parágrafo, a crise da segurança pública é condicionada a problemas, como pobreza, desemprego e falha no policiamento; no quinto parágrafo, apresenta-se o cenário da violência urbana no Brasil, cuja solução não é suficiente para resolver os problemas sociais, mas um caminho para a resolução do problema do turismo no país, o que, de certa maneira, refletirá em outras áreas também críticas.
7. Na conclusão (momento em que se finaliza o texto com a opinião do autor ou da equipe), condições são reforçadas e estabelecidas para que se possa pensar em um novo caminho para o país no tocante às quatro prioridades nacionais.
Com relação ao PIB, que ponto já abordado é reforçado como possível solução para os problemas sociais nacionais? Explique.
Reforça-se o fato de que o mero crescimento do PIB não é ação suficiente para resolver os graves problemas da pobreza, de saúde, de educação e de violência urbana, mas é condição sem a qual as melhorias jamais ocorrerão.
8. Que outras condições, apontadas ao longo do texto, são reforçadas, a fim de concluir as ideias expostas? Apresente-as.
As ideias apresentadas e retomadas são: o país não pode continuar com maus governantes; é preciso reduzir o inchaço da máquina estatal; melhorar a eficiência e diminuir a corrupção, pois a soma disso, mais o crescimento do PIB, fará com que as quatro prioridades tenham melhorias expressivas, ainda mais sendo o Brasil um país privilegiado, com vasto território e com recursos naturais abundantes.
9. Conforme já mencionado, o editorial é um texto argumentativo, que visa tentar convencer seus interlocutores com base na defesa de um ponto de vista. No entanto, diferentemente do artigo de opinião, trata-se de um texto no qual a autoria e o posicionamento incorporam os pontos de vista do meio de comunicação em que é veiculado, que se torna responsável pelas informações e pelas opiniões emitidas.
Considerando as especificidades desse tipo de texto, responda ao que se pede.
a) Por que, nesse contexto, não há referência direta a um autor e o uso da 1-ª pessoa?
Isso acontece em razão da necessidade de dar certo tom impessoal ao texto, que acaba representando o que o veículo de comunicação, como um todo, pensa a respeito do tema tratado.
b) Qual é a função exercida pela pessoa que escreveu o editorial do jornal Gazeta do Povo? Explique sua resposta.
É provável que seja um jornalista ou um editor que tenha a função de chefe, uma vez que esse gênero textual representa a opinião do jornal sobre o tema em debate.
c) Considerando o que já foi explicitado a respeito das características desse gênero textual, de quem é o posicionamento expresso no texto?
O posicionamento apresentado é de todo o jornal.
10. Leia os excertos retirados do texto e exponha seu ponto de vista a respeito de cada uma das temáticas abordadas, usando argumentos consistentes e convincentes.
a) “Nos países pobres, a lista de carências é grande e torna difícil a escolha de prioridades.” Você concorda com essa afirmação? Por quê?
Resposta pessoal.
b) “Já rumando para o fim da segunda década do século 21, o país está atrasado no enfrentamento dos quatro maiores dramas sociais nacionais: a pobreza, a precariedade da saúde, o baixo nível da educação e a violência urbana [...]”. Esses são, de fato, os quatro maiores dramas sociais brasileiros? Explique sua afirmação.
Resposta pessoal.
c) “As taxas de crimes com mortes que são apuradas e cujos autores são efetivamente presos são muito baixas e representam grande impunidade.” Isso acontece em todas as regiões do Brasil? Justifique sua resposta.
Resposta pessoal.
11. Apresente uma proposta de intervenção para cada um dos quatro dramas sociais enumerados no editorial lido. Pense em propostas que sejam viáveis e possíveis de serem efetivadas no cenário brasileiro atual. Pense, também, além das ações concretas, em quem as faria (agentes), como fariam (meio) e com que finalidade.
Observação: Para fundamentar, de maneira consistente, suas respostas, faça uma pesquisa a respeito da temática, considerando os aspectos históricos e geo- gráficos relacionados ao assunto. Peça ajuda a seus professores das disciplinas de História e de Geografia, solicitando a indicação de referências que possam auxiliá-lo.
a) Pobreza
Resposta pessoal.
b) Precariedade da saúde
Resposta pessoal.
c) Baixo nível da educação
Resposta pessoal.
d) Violência urbana
Resposta pessoal.
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